Estouros de nebulosas espirais



Plainavam olhando aquele céu púrpuro. Estrelas rosas e amarelas passavam a 80 km/h por eles. Ao fundo explosões de cores em mil galáxias se chocando. Feixes de luz de todas as dimensões espalhavam-se pela imensidão do nada. A cabeça pesada os avisava que continuavam ao chão, mas o corpo leve os fazia levitar. No início não havia som algum. Mas aos poucos, uma a uma, caíam gotas de orvalho produzindo pequenos sons de sinos ao tocarem seus rostos. Era um concerto sincronizado de luz e estrondo. O tempo já não tinha o mesmo compasso e sincronia de sempre. Às vezes tão rápido quanto o pensamento e outras tão lento que dava pra notar as imagens formadas dentro das gotas que caiam. Sentiam-se sozinhos, únicos, e ao mesmo tempo amparados pela presença um do outro. Luciana despertou para o mundo velho quando os raios da estrela maior já lhe feriam a pele. Era a primeira vez que experimentava toda aquela loucura consciente. Não conseguiria explicar tal sensação nem que se esforçasse muito. Talvez fosse como cair pra cima. Exato, cair pra cima. Foi como se resolveu. 

(Deyvid Peres)