Caixa de correio


Querida Flávia,
Também adorei te conhecer este ano, e realmente nos aproximamos muito rápido. Sempre me senti confortável para ser eu mesmo perto de você, e isso é bom. Em relação as conversas, não conheço limites que me impeçam de contar alguma coisa a você, a não ser quando esses limites se expandem a todas as pessoas que eu conheço. Todos nós temos alguma coisa que não queremos contar a ninguém, não é mesmo? Sabe... Estranho isso, mas hoje à noite eu estava olhando algumas fotos antigas minhas, da minha família, de namoradinhas do passado, enfim... E, enquanto isso, lembranças boas e ruins visitavam-me continuamente. Acabei por fazer uma análise emocional-pessoal da minha vida. Cheguei à conclusão que nunca estive tão perdido e ao mesmo tempo feliz e realizado na vida. Feliz e realizado, talvez por estar finalmente no emprego que eu quero, na instituição que eu sempre quis e perdido em relação a minha vida social e emocional. Tenho passado por algumas crises, você sabe, tornei-me outra pessoa desde certo evento ocorrido há um tempo em minha vida, e, sinceramente, não sei se gosto do homem em que me tornei. Venho lutando pra me achar. Achar meus amigos. Achar a maturidade perdida, o amor, a paz... Mas para isso, creio eu, é preciso recolher os cacos, amarrar os pedaços, sustentar-me em pé. Por isso preciso daqueles alicerces que nos mantêm, preciso da minha confiança, da minha autoestima, da convicção no futuro. Não. Não quero continuar a levar a vida de agora, não quero mais me afogar em cerveja para esquecer, fumar para relaxar, ou me jogar em quaisquer seios em busca de abrigo. Assim como você, quero uma vida estável, quero alguém para amar, para ser minha companheira, minha parceira, alguém pra ser protegida, mimada, acariciada e principalmente quero alguém que me ame. Mas infelizmente não estou pronto para isso, não estou pronto nem para pensar nisso. Descobri que alguns tombos podem machucar demais e que algumas feridas podem demorar bem mais do que se pensa para cicatrizar... Principalmente para aqueles que costumam saltar mais alto e mergulhar mais fundo.
Espero que entenda. Obrigado por ser minha amiga, obrigado por me amar. 
Carinhosamente,
Alberto.




(Deyvid Peres)


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