Ele é
daquelas pessoas que te encaram nos olhos, como se te comessem por inteira em
segundos. Não posso negar que gosto disso. O jeito como o sol reflete em seu
rosto, revelando o mel esverdeado de seus olhos e os reflexos dourados no
cabelo me deixam nervosa. Acho um tesão quando ele me compreende, entende o que
eu digo e o que eu respondo aos seus olhares. Isso dá a ele um certo ar de
mistério e inteligência que eu adoro. Mas como toda garota comportada, e
orgulhosa, me abstenho de deixar transparecer isso. Pelo menos tento. Confesso
que uma vez em seus braços qualquer tentativa de disfarce vai por água a baixo,
junto com a minha vergonha na cara. Acho que o prazer tem um laço com o divino
que não podemos negar. O jeito como ele me pega as costas com mãos firmes, e o
roçar de barba em meu colo nu, me levam à Andrômeda. É inevitável que eu me
sinta uma piranha quando estou com ele. E ele age como se eu fosse mesmo. Suja,
vadia. Isso não me ofende, pelo contrário. Mas nego até a morte de que é isso
que eu gosto. Nego a qualquer um. O pior é que ele sabe disso. Entrego-me
totalmente a ele como uma viciada se entrega ao vício. Aquela história batida
de que o tempo passa mais rápido quando estamos com quem gostamos não faz
nenhum sentido aqui. O tempo passa, mas passa gostoso. Gosto de seus beijos
leves em meus braços, da pressa com que tira minha roupa. E o modo como arranca
minha calcinha nova sem reparar nas rendas que a contornam, e que eu escolhi
tão cuidadosamente. Gosto do seu porte de atleta, do modo como me levanta com
facilidade. Gosto do cheiro amadeirado de seu cangote. Do modo como dirige, e
do suor que brota sempre primeiro em suas têmporas. Gosto até quando eu quero
sair de casa, e ele com seu sono infinito, me arrasta de novo pra cama com um
abraço afável. Mas os seus olhares... Às vezes, sozinha, penso se o que mais me
faz assim talvez não seja o mistério que ele institui ao falar pouco de si.
Deixando espaço para que eu complete as páginas em branco com as minhas vãs
expectativas. Mas quando estamos juntos, só existe o presente. Só existe o fato
tangível de estar com ele. Afinal, garotas como eu são proibidas de criar
expectativas. Então me visto do meu papel quando ele entra em cena. Até o
teatro acabar, serei a puta mais feliz do mundo.
(Deyvid
Peres)
Olá amei seu blog e já curti sua página no face, te convido a conhecer a minha!
ResponderExcluirÓtimos textos :)
Te convido a fazer uma visita no meu blog!
Bjs, Bel Carvalho
http://bybelcarvalho.blogspot.com.br/2015/01/mais-de-ti-e-menos-de-mim.html
Obrigado, Bel! Seu blog é muito bom também! ;)
ExcluirBjs