BRT, Teatro Ambulante


A mão que segurava a barra de metal era a mesma que havia segurado a vassoura durante todo o dia. Às costas uma gota de suor escorria, mas não era o seu. Incrível o balé que os corpos juntos faziam a cada momento, mãos fortes, braços maltrados de tanto se sustentar. Um ronco. Os afortunados dos assentos, indiferentes à dança orquestrada pelas curvas e freadas, não tinham culpa. Tinham sorte. Porém uma coisa unia a todos: o calor. Abafado, úmido e virulento. Janelas não havia. Pelo chão, receptivos, pequenos artrópodes se aproveitam dos farelos, que ninguém os vejam! É que ali se vendem alimentos. Em pé uma moça dos tempos do Chacrinha já não achava graça de ser chacrete. Os pés doíam, o braço fraquejava e a plateia já estava aconchegada. Um choro de bebê. Um espirro. Quem muda de lugar pisa no pé do outro, falta luz. No mais, cansaço, lentidão, e palhaços. 

(Deyvid Peres)

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